A propósito do Colégio Militar e da polémica que parece estar instalada sobre alegadas agressões a alunos mais novos, enquanto mãe de um ex-aluno devo dizer que sempre houve abuso de poder por parte dos graduados no Colégio Militar!
No Colégio Militar não entra quem quer, entra quem pode; entra quem cumpre os exigentes requisitos impostos pelas regras do Colégio, quem tem capacidade financeira para suportar os encargos e quem é obrigado pelos pais ainda que não tenha qualquer perfil ou vontade de envergar a farda cor de pinhão.
Se alguma falha há a apontar ao sistema colegial instituído é a falha de insistir em aceitar alunos que não querem frequentar o Colégio. Há de tudo naquela instituição, como em tantas outras, pessoas com bom e mau carácter.
Conheci graduados excepcionais no Colégio Militar, pessoas extraordinariamente bem formadas, o meu filho nunca foi vítima de maus tratos, nunca foi espancado, nem nunca apareceu com mazelas em casa. Foi muitas vezes obrigado a estar em formaturas até altas horas da noite e obrigado a levantar de madrugada, antes das 7h00 impostas pelo regime colegial, muitas vezes por capricho dos graduados. É natural que crianças com a carga horária e a actividade a que o Colégio obriga, dificilmente suportem o regime sem que se reflicta no seu trabalho enquanto estudantes.
Não tendo historial militar na minha família, talvez seja o meu problema, não consigo perceber como é que atitudes como esta que exemplifiquei podem contribuir para formar pessoas melhores.
Tenho muitos amigos que frequentaram o Colégio, na altura em que os pais combatiam nas ex-colónias, sempre me disseram que a relação entre graduados e alunos mais novos era, acima de tudo, a protecção. Pelo que me apercebi nem todos os graduados retêm esta noção, a de proteger, ajudar e ensinar os mais novos na sua vida colegial. Por questões de carácter ou má formação pessoal, utilizam o "poder" que lhes é conferido pelas estrelas, que deveriam ser um motivo de orgulho, para humilharem e mal tratarem aqueles a quem deveriam proteger.
Muito honestamente, já há muito que esperava que acontecesse uma escandaleira destas, como tudo na vida é uma questão de tempo.
Não estou particularmente feliz por finalmente ver discutido na praça pública, o que há muito aguardava. Tenho pena pelo meu filho, pelos meus amigos e por tantos outros que se orgulham de ter frequentado o Colégio Militar.
Acho ridículo, senão mesmo parolo, quem se aproveita do assunto para o palco mediático e depois vai dizendo que admira muito o Colégio. Não conhece a história do Colégio Militar, despreza as regras da instituição e tenta achincalhar publicamente quem apareça em sua defesa.
Talvez não saibam que o Colégio Militar foi considerado há cerca de 8 anos, um dos cinco melhores colégios do mundo, pelas suas condições, áreas e oferta de actividades aos alunos. Foi a única escola que o meu filho frequentou em que o programa era cumprido à risca até ao final do ano escolar.
Sei que há já alguns anos o Colégio se debate com problemas financeiros, também sei que há imensas pessoas que têm asco à barretina que os ex-alunos orgulhosamente exibem na lapela, talvez este assunto que já há muito deveria ter sido resolvido em sede própria pelos seus responsáveis, seja o motivo que alguns esperam para pôr fim a uma instituição com mais de 200 anos.
Gostava de saber a opinião do Sr. Dr. Garcia Pereira sobre os alunos que agridem colegas, professores e tudo o que lhes apareça à frente. Nunca lhe deram oportunidade de se manifestar ou não acha politicamente correcto falar de escolas públicas, não nada disso: nunca foi contratado por nenhum dos intervenientes para os defender e vir debitar a sua doutrina "pseudo-esquerdista".
Ontem no debate da TVI, até houve quem afirmasse que os alunos são molestados sexualmente pelos mais velhos, quem conhece bem o Colégio sabe perfeitamente o que acontece se alguém desconfia destas práticas absolutamente intoleráveis.
Haja bom senso!