O Duarte é um autêntico príncipe.
Encanta-me o seu ar ternurento, esmaga-me o sorriso gentil que me oferece sem esforço- agora enfeitado com o metal do aparelho, derrete-me a adoração que transporta nos olhares que me dirige e a forma como me procura para receber o mimo que lhe é devido. Quando me abraça ou se aninha carinhoso no meu colo, faz-me desejar que não cresça mais, só para o manter assim só meu, até ao infinito.
Já sinto saudades, só de pensar que daqui a uns anos, não muitos, se vai desprender: a voz vai engrossar, os rapazes têm este problema; vão crescer os pêlos; as borbulhas hão-de salpicar-lhe a pele e a adolescência vai certamente revolver-lhe as hormonas e conferir-lhe o estatuto de pequeno "grunho" - que me desculpe o sexo masculino, mas vocês têm uma fase muito complicada, por volta dos 15 e até aos 17-18 anos, ficam insuportáveisinhos.
Para já e sem querer pensar muito nisso, vou-me deleitando com as obras de arte do Duartinho - que é um autêntico artista; deliciar-me com as estórias que o seu imaginário transporta e que reproduz com a credibilidade que lhe é possível e que são autênticas referências para o nosso grupo de amigos.
Quando digo que o Duarte é um autêntico artista, não me refiro apenas ao rigor do traço, refiro-me também à forma como teatraliza os pequenos acontecimentos que decorrem no dia-a-dia e que de forma habilidosa transforma em autênticas estórias do fantástico, em que não falha o mínimo pormenor. A saber: durante uma festa e à frente de várias pessoas, vindo do nada, o Duarte resolveu dar a conhecer aos presentes de como se lembrava de quando era apenas um "permatosóide", de como foi ultrapassado pelo irmão na "primeira corrida", de como se esforçou e conseguiu vencer todos os outros naquela louca disputa em que a taça era, imaginem, um óvulo, depois e com alguma graça afirmou que não era lá muito bom a matemática, mas excelente a nadar e à laia de conclusão informou que apesar de agora se chamar Duarte, na altura em que era "permatosóide", chamava-se Zézinho.
Apesar de ser assim, com esta veia artística, o Duarte é extremamente tímido, é capaz de passar horas sem fim sozinho, no seu pequeno mundo, sem que ninguém dê por ele. Depois lá aparece para resgatar a atenção que lhe é devida, para voltar a desaparecer provavelmente mergulhado noutra estória fantástica.
Acima de tudo, o que mais me toca é a forma como me trata - obviamente sou a sua princesa, o que faz dele o meu pequeno príncipe.
Uma Dica: Não raramente vemos crianças a fazer birras, que vulgarmente designamos por excesso de mimo. Ninguém mima mais os meus filhos do que eu - tenho a certeza e não os vejo a fazer uma cena dessas. Há uma diferença entre mimo e educação, não tenham medo de mimar os vossos filhos, é do melhor que há, com a certeza de que esse mimo vos será seguramente retribuído.