Sunday, June 17, 2007

Meu pequeno Príncipe


O Duarte é um autêntico príncipe.


Encanta-me o seu ar ternurento, esmaga-me o sorriso gentil que me oferece sem esforço- agora enfeitado com o metal do aparelho, derrete-me a adoração que transporta nos olhares que me dirige e a forma como me procura para receber o mimo que lhe é devido. Quando me abraça ou se aninha carinhoso no meu colo, faz-me desejar que não cresça mais, só para o manter assim só meu, até ao infinito.


Já sinto saudades, só de pensar que daqui a uns anos, não muitos, se vai desprender: a voz vai engrossar, os rapazes têm este problema; vão crescer os pêlos; as borbulhas hão-de salpicar-lhe a pele e a adolescência vai certamente revolver-lhe as hormonas e conferir-lhe o estatuto de pequeno "grunho" - que me desculpe o sexo masculino, mas vocês têm uma fase muito complicada, por volta dos 15 e até aos 17-18 anos, ficam insuportáveisinhos.


Para já e sem querer pensar muito nisso, vou-me deleitando com as obras de arte do Duartinho - que é um autêntico artista; deliciar-me com as estórias que o seu imaginário transporta e que reproduz com a credibilidade que lhe é possível e que são autênticas referências para o nosso grupo de amigos.


Quando digo que o Duarte é um autêntico artista, não me refiro apenas ao rigor do traço, refiro-me também à forma como teatraliza os pequenos acontecimentos que decorrem no dia-a-dia e que de forma habilidosa transforma em autênticas estórias do fantástico, em que não falha o mínimo pormenor. A saber: durante uma festa e à frente de várias pessoas, vindo do nada, o Duarte resolveu dar a conhecer aos presentes de como se lembrava de quando era apenas um "permatosóide", de como foi ultrapassado pelo irmão na "primeira corrida", de como se esforçou e conseguiu vencer todos os outros naquela louca disputa em que a taça era, imaginem, um óvulo, depois e com alguma graça afirmou que não era lá muito bom a matemática, mas excelente a nadar e à laia de conclusão informou que apesar de agora se chamar Duarte, na altura em que era "permatosóide", chamava-se Zézinho.


Apesar de ser assim, com esta veia artística, o Duarte é extremamente tímido, é capaz de passar horas sem fim sozinho, no seu pequeno mundo, sem que ninguém dê por ele. Depois lá aparece para resgatar a atenção que lhe é devida, para voltar a desaparecer provavelmente mergulhado noutra estória fantástica.


Acima de tudo, o que mais me toca é a forma como me trata - obviamente sou a sua princesa, o que faz dele o meu pequeno príncipe.


Uma Dica: Não raramente vemos crianças a fazer birras, que vulgarmente designamos por excesso de mimo. Ninguém mima mais os meus filhos do que eu - tenho a certeza e não os vejo a fazer uma cena dessas. Há uma diferença entre mimo e educação, não tenham medo de mimar os vossos filhos, é do melhor que há, com a certeza de que esse mimo vos será seguramente retribuído.

Friday, June 15, 2007

Subsídio-dependência

A Subsídio-dependência define-se, na minha opinião, como a sobrevivência à conta do subsídio.

Há um par de dias frente à televisão, enquanto via o telejornal, fiquei a saber através dos rodapés que resumem as noticias do dia, que um festival de música terá sido cancelado por falta de apoios do município onde "assentava praça".

Acho extraordinária a ideia de organizar um festival, com fins lucrativos, à conta do dinheiro do contribuinte. Já que se referendou a despenalização do aborto, tive uma ideia luminosa: "bora aí referendar se o contribuinte concorda com a isenção de taxas de ocupação e de publicidade, atribuição e impressão de material de divulgação, disponibilização de meios técnicos e humanos, para a concretização destes festivais cujo o principal objectivo é, basicamente, engordar as contas bancárias dos seus promotores?"

A questão até pode ser mais bem elaborada, mas já serve de base para o referendo, não acham? É que a quantidade de dinheiro e o esforço humano investido é enorme - para um município é um grande investimento.

Acho curioso e fico chocada com a lata dos promotores, em virem acusar publicamente as entidades oficiais, responsabilizando-os pelos seus próprios fracassos. Não seria normal, já que o acesso a estes festivais é pago, que estes senhores gerissem as suas contas de forma a suportarem todos os encargos?

Não sei se têm estado atentos mas ultimamente tem sido recorrente, o número de eventos cancelados pela falta de apoios - leia-se falta de dinheirinho para a promoção, pois que também não o há para tapar os buracos nas estradas - aumentou.

Uma Dica: Não quero ser injusta no juízo que faço sobre este assunto, até porque há eventos e eventos. Até concordo que haja algum apoio para impulsionar os primeiros, mas o mais normal é que, a partir de uma certa altura, se tornem autónomos e auto-suficientes. O dinheiro dos municípios deve ser investido na promoção dos seus próprios eventos culturais - não é por nada, mas tenho cá a impressão que com tantos apoios, depois não sobra nada para o serviço público.

Thursday, June 14, 2007

Luis


O Luis é uma das pessoas mais extraordinárias que conheço.

Porque me sinto uma previligiada, tive oportunidade de trabalhar com ele, tenho que fazer saber quem é o Luis. Desculpem o meu egoísmo, mas é precisamente por isto que tenho o blog.
É um ser humano único: é generoso, simpático, organizado, empenhado e disciplinado; em matéria de educação e de formação dá lições a muito boa gente. É um técnico de excepção, com uma capacidade de trabalho extraordinária.

É tão raro encontrarmos alguém assim! Tenho uma adoração enorme por ele e faço imensa questão de o fazer saber.

O Luis é uma daquelas pessoas que me faz sentir realmente abençoada - nem toda a gente tem oportunidade de privar com estas pessoas e ter a noção exacta no momento certo para poder usufruir da sua companhia, eu tenho e por isso não lamento não lhe ter dado mais atenção - dei toda a que me era possível, enquanto trabalhei com ele.

Agora que o nosso projecto em comum chegou ao fim, com o sucesso que lhe é devido, já tenho saudades de o ver por perto, deixo-lhe este "post" como homenagem e como reconhecimento à pessoa fantástica que é.

Uma Dica: Há de facto pessoas que, pelas suas qualidades excepcionais, são raras, eu já tive a sorte de me cruzar com algumas. Já tive o desgosto de perder uma delas, talvez por isso faça tanta questão de manifestar o meu carinho pelo Luis - para que nunca fique nada por dizer.

Para ti

Para ti que lês o meu blog.

Já te conheço há 10 anos, devo confessar que nunca pensei escrever sobre ti. Achava-te uma pessoa distante, antipática não, mas achava que tinhas aquele ar altivo - provavelmente conferido pelo cargo que ocupavas na altura. Agora que te conheço um bocadinho melhor, julgo que era uma defesa tua.

Gosto de ti, aprecio aqueles cigarros que partilhamos no corredor, ultimamente não tem sido possível, hoje, mais calma, dei comigo a pensar nisso e sinto a falta desses momentos.

És das poucas pessoas com quem falo de igual para igual, não preciso de activar as minhas defesas contigo porque sei que és uma mulher inteligente. Não sei muito a teu respeito, nem tu sobre mim, no entanto trocamos impressões diariamente, isso é um sinal de como tu és uma pessoa "mentalmente saudável".

Hoje pensei em ti e como tu, com uma generosidade enorme, segues a minha escrita e és curiosa relativamente ao que lês, este "post" é um projecto adiado - mas só agora tive tempo. É apenas uma forma de manifestar o meu reconhecimento pela tua simpatia e pela admiração que tenho por ti.

Uma dica: Nem todas as pessoas que se riem para nós e nos dão palmadinhas nas costas gostam realmente de nós, por outro lado nem todos os que parecem distantes são desinteressados ou antipáticos.