Wednesday, March 28, 2007

Chunga Babe

O que é um(a) Chunga Babe?
O nome é engraçado, eu acho-lhe imensa piada, não é da minha autoria, é do Pedro, mas todos conhecemos o conceito ou estereótipo. Não sou preconceituosa, longe disso, apenas achei graça e decidi discorrer sobre o assunto, por isso e correndo o risco de criar algumas inimizades, passo a descrever, no feminino porque é mais fácil:

- Na maioria dos casos, a Chunga Babe não é originária de Lisboa, por isso fala orgulhosamente das férias na "terra" e das festas a que assiste todos os anos, chega a ser presidente da comissão de festas, cargo que lhe assenta que nem uma luva, dada a sua predisposição natural para a liderança e organização de "eventos", qualidades que raramente são potenciadas pelos chefes nos locais de trabalho, certamente por receio que tanta competência e eficácia possa perigar o seu próprio lugar;
- É suburbana, vive nos arrabaldes de Lisboa ou um pouco mais longe, em grandes apartamentos ou moradias vistosas, as horas que perde nas filas de trânsito - sim porque a Chunga Babe não se mistura com o povinho nos transportes públicos - são compensadas, na sua opinião, pela qualidade de vida de que usufrui no local onde mora, ainda que regresse a casa a altas horas da noite e seja obrigada a sair de madrugada para o emprego;
- Tem poder de compra, embora prime pela ausência total de gosto, investe muito em ouro e "jóias" que faz questão de exibir e de usar em simultâneo, gasta imenso dinheiro em roupa que acumula nos espaçosos roupeiros de casa. Gosta de vestir roupas de marca, mas acha que não vale a pena comprar nas lojas: os ciganos vendem a "mesma roupa" nas feiras, nem se percebe a diferença e muito mais baratas, aliás, segundo as próprias, as "tias de cascais" também lá compram;
- Regra geral é anafada, embora reclame que está em dieta permanente e exiba de forma orgulhosa as saladas que devora à hora do almoço, compensando as almoçaradas familiares e os petiscos com os amigos no fim-de-semana, normalmente à base de boas feijoadas recheadas com os enchidos extraordinários que recebem da "terra";
- A Chunga Babe não viaja, não por questões financeiras, mas porque não se sente atraída pelo estrangeiro, afinal o que há lá fora também já temos em Portugal, julgo que aqui o raciocínio decorre das célebres viagens que se faziam a Badajoz e dos caramelos, é apenas uma associação inconsciente. Mas a ida anual a Haya Monte, aproveitando as famosas férias no Algarve, não falha, nem que seja para comprar os malditos caramelos.
Enfim, haveria muito mais a dizer sobre o género, se entenderem podem dar sugestões. Um dia destes vou dissertar sobre o Chunga Babe no masculino: também tem muito potencial.

Uma Dica: Todos nós conhecemos alguém que se enquadra nestas descrições, eu própria conheço e adoro, normalmente são pessoas excepcionais, são generosas e estão de bem com a vida, que é o que realmente importa. Quanto ao estilo: cada um tem o seu.

Monday, March 26, 2007

O Melhor Português de Sempre

Pois é...

A RTP lançou um desafio aos portugueses, eleger "O Melhor Português de Sempre", e agora corremos o risco de vermos eleito um ditador, que isolou Portugal durante 40 anos.

Alguém, que muitos portugueses desejariam nunca ter conhecido. Tem piada, porque os defensores enaltecem a sua capacidade financeira e de negociação: parece que evitou o envolvimento do nosso país na 2ª Guerra Mundial.

Mas, confesso, tenho algum "pudor" em perceber que num desafio deste género, o ditador mais recente, aquele que melhor permanece na nossa memória, seja eleito o melhor português de sempre. Bem, parece que também havia um jovem "actor" de uma dessas séries juvenis, na lista, o que não deixa de ser uma referência relativamente ao género de público que vota e ao critério que orienta as suas opções.

Como não vou acabar de ver o programa, tenho imenso receio de acordar amanhã num país que elegeu Oliveira Salazar como "O Melhor Português de Sempre". É realmente assustador!

Uma Dica: Talvez seja melhor, não levar este programa muito a sério e pensar que a maioria das pessoas, inteligentes, se alhearam completamente e nem se preocuparam em participar neste programa. Mesmo assim não deixa de ser anedótico.

Tuesday, March 13, 2007

Anatomia de um beijo no feminino

BEIJO DE MULHER
Apaixonado, descarado, desejado, frio ou quente, ausente, envolvente, fútil e desprendido quando é preciso

BEIJO DE MÃE
Dedicado, sofrido ou magoado, amado, sorridente e sempre presente

BEIJO DE MENINA
Feliz, animado, muito mimado, redondo e exigente

Uma Dica: hoje não há dicas, só beijos!

Monday, March 12, 2007

A RTP na nossa memória

É incrível, a RTP fez na semana passada 50 anos!

Foi no dia 7 de Março, com uma gala que me surpreendeu, pela positiva, apanhei a transmissão a meio e dei por mim a vê-la até ao fim. Sim vi, a princípio por curiosidade e depois porque me prendeu, porque apareceram aquelas pessoas que não se viam há anos, mais velhas, mas que fazem parte da nossa "cultura" televisiva. Achei muita graça à ideia de revisitarem os jingles publicitários, os festivais da canção, telejornais e programas antigos.

Recuei no tempo e vi-me sentada na sala da casa dos meus pais, ainda criança, com a minha irmã e os meus primos, a Mariana, o Francisco e a Bia, às 6 da tarde, depois de mais um dia de pularia e de índios e cowboys, com um sorriso estampado no rosto, fixados a ver o genérico de abertura, tive umas saudades. Como foi feliz e preenchida a minha infância, com a minha irmã e os primos da nossa idade, para brincarmos e saltarmos um dia inteiro, como éramos criativos, sem televisão e consolas de jogos para nos ocuparem os dias; como ansiava a chegada de Domingo para ver o "Cartaz Tv", apresentado pelo Jorge Alves, só para poder usufruir de uns escassos minutos de um filme de desenhos animados; como fiquei triste quando anunciaram a sua morte no pequeno écran da minha sala e como tive dificuldade em explicar aos meus pais o ataque de choro de que fui acometida, lembro-me até hoje.

Depois lentamente as telenovelas começaram a povoar o nosso quotidiano, primeiro timidamente e mais tarde de uma forma absolutamente descarada que resultou, nos dias de hoje, em 3 ou 4 horas de horário nobre, assassinadas por histórias que não valem um caracol.

Agora que a multiplicidade de canais e a tv cabo convivem diariamente connosco, eu confesso que tenho muitas saudades dos tempos em que a escolha era resumida a dois canais, agora que o glamour das estrelas de televisão dos anos 60, 70 e 80 foi substituída pelo vedetismo das personalidades emergentes dos reality shows, surgem novas caras todos os dias, para logo desaparecerem sem deixar rasto.

Enfim, resta-me o consolo de ter vivido aqueles tempos, que teimam em resistir na minha memória.

Uma Dica: Quer se queira quer não, quer se goste ou não de o admitir: a RTP faz parte da nossa memória. Eu, pela parte que me toca, guardo boas recordações.

Saturday, March 3, 2007

Colégio Militar - 204º aniversário

Fundado em 1803, o Colégio Militar é uma das mais prestigiadas instituições de ensino de Lisboa, cujas instalações e infra-estruturas o colocam entre os melhores colégios do mundo.

Hoje, comemora 204 anos de existência. Mais uma vez, embora confesse que não vá lá estar, vai decorrer o tradicional desfile da Avª da Liberdade. Não vou, mas posso descrevê-lo: vejo os "ratas", os alunos do 1º ano, a abrirem orgulhosos o desfile, os botões dourados reluzem, as botas negras reflectem o empenho da graxa da noite anterior, a espingarda pesa e a barretina teima em escorregar, mas seguem orgulhosos e esquecem o cansaço de dois meses de preparação para o aniversário; depois ano a ano seguem os outros alunos e a escolta a cavalo, ex-líbris do colégio, encerra de forma altiva o desfile que acaba com a missa na igreja de São Domingos, no Rossio. Cá fora os antigos alunos confraternizam nas tasquinhas com a tradicional ginjinha, mais um ano se passou.

Apesar das contrariedades o Colégio Militar continua a sobreviver. Afastou-se consideravelmente dos objectivos que orientaram o seu fundador, Marechal Teixeira Rebelo, cuja intenção era acolher filhos de militares em combate, com o fim da guerra colonial deixou de fazer sentido essa necessidade de protecção aos filhos dos combatentes.

Actualmente, o Colégio Militar permite a entrada a qualquer aluno que queira ingressar, desde que obtenha aprovação em todas as provas de acesso, que são bastante rigorosas, acreditem.

Para quem gosta de lá estar, é uma excelente opção de ensino, o rigor e a disciplina incutidos resultam, ao fim de oito anos, em excelentes resultados. Não é por acaso que o Colégio Militar tem uma taxa de, praticamente, 100% de sucesso no acesso à faculdade, muitos deles em cursos de medicina. Também não é certamente por acaso que cinco ex-presidentes da República foram alunos do Colégio.

Pessoalmente, como mãe de um ex-aluno, tenho dificuldade em entender algumas das regras, mas admiro a forma como mantêm viva a chama da tradição e a mística colegial, que só quem teve a honra de envergar a farda cor de pinhão, pode realmente entender.

Uma Dica: Percebo que todos os pais almejem o melhor na formação dos seus filhos e apostem forte, mas há situações em que obrigar uma criança pequena a afastar-se de casa e dos amigos por um capricho, dá mau resultado, muito mau resultado.