Sunday, April 22, 2007

Enxaqueca

Cara enxaqueca,

Escrevo-te numa tentativa de te sensibilizar. Não achas que uma semana atrás de mim é demais? Já não te chegavam os dois dias de que desfrutavas da minha companhia?

Já me ocorreu que me poderias estar a castigar, mas eu nem sou pessoa de usar o teu nome em vão. Nunca me servi de ti para o que quer que fosse, a não ser para alimentar conversas banais.

Desculpa-me a frontalidade, mas não gosto de ti. Chegas com pezinhos de lã e depois revelas-te cruelmente: controlas todos os meus passos e a minha vida como o pior dos amantes obsessivos. Obrigas-me a recorrer ao apoio de estranhos, fármacos cada vez mais fortes, o que eu detesto.

Numa palavra: odeio-te. Tens a capacidade de tornar a minha vida num autêntico inferno.

Uma Dica: deixa-me em paz!

Thursday, April 19, 2007

Zé Maria

Especialmente para ti!

Meu leitor assíduo. Espero que comentes este post, afinal sempre que me encontras, dizes-me:"estive mesmo para te pôr um comentário...". Sei que é uma maneira extraordinariamente simpática, de me fazeres saber que estás atento à minha escrita.

Tu, Zé Maria, és uma das pessoas mais simpáticas que conheci em ambiente de trabalho, depois tens um sorriso sempre presente que te ilumina o rosto, ainda por cima és um autêntico cavalheiro.

Acho-te graça quando apareces com aquele teu ar de: "lá vou eu incomodar outra vez". Ficas a saber que a mim nunca me incomodarás, aliás é um prazer poder ajudar-te e colaborar contigo.

Tenho presente a forma generosa como me ajudaste e apoiaste quando te anunciei o meu blogue e agradeço-te imenso por isso.

Gosto de ti Zé Maria, especialmente para ti, aqui fica uma mão cheia de rosas perfumadas.

Uma Dica: Não mudes!

Saturday, April 14, 2007

Lisboa

Lisboa é única!

É luminosa como nenhuma outra cidade e quando chegados de fora a sobrevoamos é como se, automaticamente, nos estendesse os seus braços acolhedores.

É cosmopolita como qualquer capital, mas tem as suas peculiaridades: é varina em Alfama, sofisticada nas novas avenidas, bairrista na Ajuda, colorida no Martim Moniz, fadista na Mouraria e divertida nas docas.

Quando o Sol se esconde, a Baixa despe-se de gente e o Castelo levanta-se imponente, como se quisesse beijar a Lua. Vai para a farra no Bairro Alto e dorme nos arredores, mas de manhã já o Chiado iluminado, volta a vestir-se de gente e de trânsito por todo o lado.

Tem uma paixão escaldante com o Tejo, seu primeiro e único namorado. Mas às escondidas pisca o olho aos turistas, flirta os marinheiros e já por uma vez ou outra se perdeu de amores por veleiros vistosos.

A nossa Lisboa, cidade milenar, que foi fenícia, cartaginesa e grega, para depois ser romana, visigoda e muçulmana, é portuguesa desde 1147. Elegeu S.Vicente como seu Santo padroeiro, mas por paradoxo, festeja Stº António com típicos arraiais que atraem milhares de pessoas.

Eu amo profundamente esta Lisboa que não me viu nascer, mas viu crescer e, reconheço, é necessária muita dedicação para servir tão distinta Senhora.

Uma Dica: Quando nos dedicamos a determinadas causas, o que mais importa é a intensidade de amor que lhes temos.

Aparência

A aparência é apenas o aspecto exterior, através do qual e tendencialmente, julgamos as pessoas ou as coisas.

É isto mesmo, vai daí e toca de fazermos juízos de valor sobre pessoas que mal conhecemos, já nos aconteceu a todos, estou certa. Não considero grave e até acho natural.

Eu não sou melhor nem pior que as outras pessoas, tenho esta minha maneira muito especial de estar na vida, que se caracteriza por: agradar aos outros, ainda que, com alguma frequência confesso, isso resulte em prejuízo dos meus próprios interesses; simplicidade e simpatia acima de tudo, já fui muitas vezes rotulada de ciníca, falsa, etc., não que mo digam directamente como aliás é próprio, mas tudo acaba por se saber...

Embora me entristeçam este tipo de atitudes, já lhes dei muito mais importância do que dou, na verdade não tenho muita paciência para a maldade e para a inveja humana.

Apesar de tudo, continuo a investir nesta minha maneira de ser, que considero ser o principal motivo que atrai as pessoas que me são próximas, sobretudo os meus amigos que eu amo de forma incondicional.

Perdoem-me a imodéstia mas gosto muito de mim assim.

Uma Dica: Não existem fórmulas perfeitas de comportamento social ou profissional, a minha não é certamente a melhor, já tive muitos dissabores e sou, seguramente, mais vulnerável à maldade humana - é um risco consciente que estou disposta a correr.

Tuesday, April 10, 2007

Fé Clubista

Hoje está a jogar o Benfica!

Pois e para mal dos meus pecados o jogo está a ser transmitido em directo na televisão. É uma chatice, tenho um benfiquista em casa e cria um mal-estar difícil de descrever, como mais ninguém partilha da sua , parece que estão todos contra ele e que se trata de um desafio pessoal.

Não devia ser tão democrata nestas regras do clubismo, penso eu agora, mas fui e deixei que influenciassem o meu filho mais velho para que fosse benfiquista.

E que benfiquista me saiu o André.

Dou comigo a pensar se será do clube (neste caso o glorioso Benfica), ou se será mesmo fé clubista (comum a todos os clubes)? Tenho a sensação que são todos uns grunhos quando se trata do seu clube. Terão todos os benfiquistas dupla personalidade? O André, que até é bom rapaz, transforma-se e ouço um "gooooolo", dirigido a mim, como se estivesse a defender-se de um ataque pessoal acabadinho de lhe ser infligido, e eu aqui quietinha que nem um rato, dou um salto de espanto. Como é que é possível?

Assumem as derrotas ou as vitórias do seu clube como feitos pessoais, até parece que alguém se importa muito com isso. Bom, eles importam-se!

Era bom que se importassem com outras coisas, se investissem a mesma energia nos estudos ou no trabalho, estou certa que seriamos um país muito melhor. Será que os finlandeses também se preocupam tanto com o futebol?

Uma Dica: Se há coisa que realmente me irrita é o futebol, para não falar nos seus intervenientes. Mas nestas coisas o mais sensato é estar caladinha e não me manifestar, não vale a pena discutir o que não é discutível, sobretudo assuntos irracionais, como é o caso.

Dietas

Dietas milagrosas - há ou não?

Humm, não me parece. Porque tenho sido literalmente assaltada ultimamente, devido à minha aparente perda de peso, resolvi falar sobre isso

Não, não vou revelar nenhum segredo milagroso, apenas posso falar de mim. Já tentei justificar-me com a história de ter voltado a fumar e tal..., mas parece que não pega. Pois, talvez não seja só isso, admito. Nos meus 41 anos, já passei por várias fazes, mas nunca fui realmente gorda, ou quando o fui nunca me aguentei muito tempo, é uma realidade.

As minhas amigas experimentem ter um desequilíbrio emocional, mas daqueles que nos rouba todo o apetite - mesmo frente ao prato mais apetitoso do mundo, ficamos a abarrotar de cheias depois da primeira garfada- e depois digam-me lá se não emagrecem. Nem toda a gente tem esse tipo de reacção, dir-me-ão, então nesse caso lamento dizer-vos, só existe uma solução: boca fechada, mas fechada mesmo.

Acho natural a curiosidade em querer saber o motivo da perda de peso, mas não me lembro nada de ter sido igualmente questionada quando engordei. É que fico sempre com a sensação que estou a esconder um segredo inconfessável que não quero revelar e não é verdade.

Já agora que falamos de segredos e de uma vez por todas: eu não faço nuances ou madeixas no cabelo, é mesmo do sol, do mar e do pouco cuidado que tenho em hidratá-lo no verão, OK?

Uma dica: Muito sinceramente, as pessoas são como são, umas mais cheiinhas outras menos, há mercado para tudo, desculpem-me a franqueza mas é verdade, há gostos para todos os géneros - felizmente. Além disso o que interessa mesmo é ser e não parecer.

Sunday, April 8, 2007

Páscoa - reunião familiar

Reunião familiar obrigatória na Páscoa?

Pois não era hábito, mas de há uns anos para cá, alguém superiormente terá decidido que ia ser assim na minha família. O stress próprio do Natal, para poder agradar a todos - tarefa impossível, passou também a estar presente na altura da Páscoa.

Eu decidi que vou ser uma boa menina: vou fingir que não é hipocrisia nenhuma as pessoas quererem estar com a família nestes dias "festivos"; vou fingir que no resto do ano somos todos muito amiguinhos e próximos, que nos telefonamos com frequência, que fazemos das tripas coração para estamos juntos; vou fingir que me apetece muito mais estar a empanturrar-me com doces um dia inteiro, em vez de ter aproveitado um belo de um fim-de-semana grande para ter ido a qualquer lado.

Até vou fingir, porque já tenho a "estaleca" do Natal e por isso é mais fácil, que não há problema nenhum em correr de um lado para o outro, tentando satisfazer quem nunca fica satisfeito: uns porque não ficamos o tempo suficiente depois do almoço e os outros que reclamam por chegarmos sempre tarde.

Pelo menos sempre tenho o prazer de desfrutar dos meus sobrinhos, que eu adoro. Fofocar com a Inês e com a Catarina que já são umas senhorinhas, mimar e ser mimada por meninas - para variar.

Uma Dica: No universo das relações pessoais, as familiares são talvez as mais difíceis de gerir. Eu faço um esforço enorme para poder agradar a todos, com a perfeita noção que é uma tarefa que nunca cumprirei na perfeição.

Friday, April 6, 2007

Gosto de ti

Há criaturas que nos invadem a vida.

Assim sem mais nem menos, foi o que aconteceu contigo. Lembro-me vagamente de quando nos conhecemos, olhei para ti e adorei-te desde o primeiro momento.

Sei que há outra na tua vida, que nunca me trocarias por ela, nem eu espero isso. Provavelmente o que vês em mim é apenas um prolongamento dela, mas mesmo assim sei que me tens uma dedicação enorme.

Nos fins-de-semana que passamos em família, admiro a forma como aguardas pacientemente à porta do meu quarto até que eu saia, para então, a sós, poderes extravasar a alegria de me veres, longe dos olhares reprovadores dele.

Adoro quando timidamente, na maior das descrições, procuras o carinho das minhas mãos ou quando, louco de alegria, descaradamente te atiras para cima de mim.

Porque gramo mesmo de ti, arrisco dizer:"Max, és o cão da minha vida", surpreendo-me a mim própria a pensar em ti e com saudades tuas - é extraordinário.

Uma Dica: Os cães são uns companheiros extraordinários, eu adoraria ter um, mas não posso porque não tenho condições para isso. Se as pessoas pesassem todos os condicionalismos de acolher uma criatura destas, talvez não os abandonassem com tanta frequência.

Tuesday, April 3, 2007

O Gosto Pela Música

Eu gosto de música!

De acordo com o Rui Miguel Espírito Santo, gosto de música de "Carrinhos de Choque", não sei se é uma expressão vulgar ou não, mas foi dele que ouvi, numa célebre Passagem de Ano, em que eu queria ouvir qualquer coisa, não me lembro bem o quê e ele pacientemente, mas com muita piada - confesso, se levantou e em voz alta ordenou:"então não ouviram? Ponham a música que a Carmo gosta - música de 'Carrinhos de Choque'".

Achei imensa graça e ri-me, claro - nunca mais me esqueci da expressão e até a utilizo, quando me perguntam que tipo de música quero ouvir, respondo prontamente: música de "Carrinhos de Choque".

É uma expressão para definir o género "comercial", é a música que me faz sorrir, não me faz sonhar, não me embala nem me enternece, mas põe-me bem-disposta e faz-me sorrir. Aliás, se alguém pegar no meu i'Pod, percebe imediatamente o que é música de "Carrinhos de Choque".

Ao contrário do que muitas pessoas possam pensar, não tenho problema nenhum em assumir isso - é piroso? Não sei, talvez, mas também não me preocupa nada. Se gosto de outro género? Claro que sim - apenas tenho que estar no mood, se não nada feito.

Uma Dica: Se gostamos de qualquer coisa, ainda que os outros achem que é piroso, para quê esconder? Eu detesto certo tipo de elitismo, fingir que não se gosta, quando se gosta ou até o contrário, não é bem o meu género.

Monday, April 2, 2007

Mau feitio

Mau feitio é uma expressão que dá para muitas coisas: justifica atitudes menos próprias, despotismo na chefia, egoísmo na amizade, arrogância nas relações interpessoais e até falta de educação nas criancinhas.

É frequente desculpar-se alguém com esta simples expressão: "tem mau feitio", até pode ser, mas existe uma tendência, quase maternalista de tentar proteger aqueles que têm, digamos, um comportamento menos adequado.

Os chefes "tiranos" descrevem-se a si próprios como tendo "mau feitio", numa tentativa, quase idiota, de validar decisões e comportamentos comuns ao feudalismo da Idade Média. Mas curioso é observar como as pessoas se tornam, tendencialmente, servis a este tipo de personagem que não respeita nem valoriza a lealdade ou a competência técnica, preferindo humilhar e achincalhar os que o rodeiam. Para esta gente o respeito é conquistado pelo terror e pelo real exercício da tirania.

Quanto à classe dos arrogantes, essas pessoas extraordinárias, dotadas de superioridade intelectual, moral e material, cuja atitude também é justificada pelo "mau feitio", são na realidade uma estirpe de gente insegura, desorientada e desestruturada. Não existe pior erro, na minha opinião, do que ter a arrogância de se sentir superior a alguém: está-se a subestimar o outro e a colocar-se imediatamente numa posição de inferioridade, é uma cretinice.

E as crianças, doces criaturas, capazes de aglutinar em doses idênticas, o adorável e o detestável?
Eu sou mãe, por isso estou muito à vontade, não há nada mais educador que uma palmadinha na altura certa, dói pois dói - mais a nós do que a eles, mas não há nada mais irritante do que ver uma criancinha a pontapear tudo o que lhe aparece à frente, perante o ar condescendente dos pais que justificam a atitude com o "mau feitio".

Estranho, é este sentimento generalizado, eu também estou incluída neste processo, de desculpabilizar este tipo de comportamentos. Na realidade o "mau feitio", fomos nós que o inventámos, talvez para justificar o carinho, a amizade e, nalguns casos, a paixão que sentimos por estas pessoas, em quem investimos grandes doses de paciência - enquanto ela dura.

Uma Dica: Não vale a pena tentarmos enganar-nos. Mais cedo ou mais tarde a paciência acaba e os bons sentimentos dão lugar à raiva. O melhor é decifrar que tipo de "mau feitio" temos pela frente e tentar evitar dissabores quase certos.