Sunday, May 13, 2007

Zézinha

A Zézinha é a minha única irmã.

Apesar de ter apenas menos 14 meses do que eu, continuo a vê-la como uma menina pequena a quem devo a especial obrigação de proteger.

Na verdade foi assim a nossa vida toda. Quando pequenas e nos saudosos tempos de "Maria rapaz", aplicável às duas, apanhei muitas vezes por causa dela: metia-se em sarilhos com os rapazes e, regra geral, quem apanhava era eu - armada em forte só para a defender.

Sempre foi muito engraçada a Zézinha mas muito respondona também, por isso de vez em quando..., apanhava da mãe e lá estava eu, sempre pronta a pôr-me à frente. Confesso que ainda apanhei uns belos tabefes que lhe eram dirigidos.

Agora, separadas por 300 km de distância já há 18 anos, tenho umas saudades loucas das nossas discussões de adolescentes. Adoro as duas semanitas de verão em que estamos juntas e que passam a correr, parte-se-me o coração quando a deixo - parece que a estou a abandonar. Sinto que lhe devia telefonar muitas vezes e não o faço, que a devia ir visitar mais e não posso, gostava que ela estivesse todos os dias comigo para fazermos em conjunto o resumo dos nossos dias e nos indignarmos pelas injustiças ou rirmos dos disparates que ouvimos.

Hoje estou especialmente feliz e, por paradoxo, simultaneamente triste, porque é o dia da "Bênção das Fitas". Sei que ela não foi, apesar da minha insistência para ir, mas também sei que hoje, especialmente hoje, deveria ter estado com ela e nem lhe telefonei porque tive um dia complicado. O dia de hoje é o corolário de um percurso de muito sacrifício e de uma extraordinária força de vontade, contra tudo e contra todos, em concretizar um desejo há muito adiado - terminar a licenciatura.

Eu tenho um orgulho enorme na minha irmã, porque é uma mãe fantástica, uma mulher absolutamente dedicada à família e uma amiga invulgar o que faz dela um ser humano extraordinário.

Uma Dica: Vivemos dias loucos, a nossa vida é literalmente pautada pela tentativa de gerir o dia-a-dia o melhor que nos é possível, afastando-nos consideravelmente daqueles que amamos. Talvez fosse bom fazermos uma pausa e ponderarmos naquilo que é realmente importante, é que corremos o risco de investirmos demasiado em coisas que na realidade não nos fazem felizes, nem interessam para nada.

2 comments:

Zé Maria said...

Como dizes, talvez seja mesmo bom fazermos uma pausa e pensarmos muito bem no que, verdadeiramente, é importante.
Hoje, os tempos não são, de facto, propícios à calma sabedoria da vida. Antes pelo contrário: hoje, parece mais que a vida não é mais que uma "coisita" que é preciso "fazer a correr". Porque o tempo urge e não existe em abundância. Porque não soubemos... Enfim, porque nos esquecemos, afinal, do que é importante.
No meio de tudo isto, cá para mim, minha cara Carmo, tu pareces saber o que é importante. É o que basta, acredita.
Bjs

Carmo Rosa said...

Sábias palavras, amigo Zé Maria.
Obrigada pela forcinha
Um dia destes hás-de conhecer a Zézinha e talvez entendas melhor o que quero dizer.
Um beijo