Todos sabemos que por questões culturais há certas zonas do nosso país, onde este tipo de linguajar faz parte do quotidiano, talvez por isso não se estranhe a sua utilização em todas as camadas e idades, utilizam-na de uma forma tão natural que não fere os ouvidos mais susceptíveis
É certo que também há círculos profissionais onde este tipo de linguagem se tornou um must, mas neste caso é circunscrito ao local de trabalho, afirmo-o com muito à vontade porque já tive oportunidade de conviver com ele, nem todos são aficionados mas convivem bem com o género.
Eu própria já os disse, daqueles palavrões que até têm pêlos, no momento próprio claro, sim - porque também existem momentos próprios para os palavrões. Até porque todos nós os conhecemos, não é?
Agora, fora destes contextos e sem querer parecer demasiado púdica, soa-me mal, desculpem lá, mas soa, não consigo, muito sinceramente, entender a necessidade de introduzir palavrões de forma gratuita.Os palavrões na língua inglesa, têm um certo charme, mas os nossos são feios, há que admiti-lo. O mais charmoso dos indivíduos, com um palavrão introduzido na altura errada, é imediatamente vulgarizado, isto é tão verdade para o sexo feminino como para o masculino.
Então e o palavrão na arte da sedução? Uma catástrofe, na minha opinião, qual é a ideia? Não percebo sinceramente, querer parecer muito modernaço, espírito aberto? Hummm, não me parece que funcione. Não me lembro de ter ouvido alguma vez alguém a gabar-se: "ontem conheci fulano(a), disse-me uns palavrões ao ouvido, que me puseram de quatro, acho que estou apaixonada(o)!".
Ah, já sei! O palavrão é próprio de um determinado meio pseudo-intelectual, pá! Consta que Alexandre O'Neill também dizia muitos palavrões. Será que era bem-sucedido na arte da sedução? Será que era o palavrão que seduzia ou a genialidade que o caracterizava?
Não, nada disso, há pessoas que falam mesmo assim no dia-a-dia. Acham mesmo? Também arrotam e cospem no chão e dão livre-trânsito aos seus impulsos flatulentos?
Esperem, outra hipótese: não gostam de guardar esqueletos no armário, por isso chamam as coisas pelos nomes, para estarmos mais à vontade! Mas alguém quer sinceramente saber se têm esqueletos no armário? Quanto mais ser-lhes apresentados!
Enfim, podia perder horas e até dias, a cogitar sobre a arte do palavrão no relacionamento social e profissional, mas acho que vou deixar isso para um projecto a médio prazo: "Tratado do uso do palavrão em Portugal".
Uma Dica: Eu não sou de impor regras de comportamento social às pessoas com quem me relaciono, cada um é como é. Mas quando não gosto ou não me sinto à vontade com algumas atitudes, digo e faço questão que percebam.
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